quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Mais um, pois é.

Já passei do tempo de gostar de retrospectivas. Na verdade, passei do tempo de gostar de escrever sobre elas. Quem me conhece um pouquinho que seja deve saber o quanto eu sou nostálgica e o quanto gosto de reviver histórias, ficar lembrando de datas, momentos e situações.

Mesmo assim, não posso deixar que 2010 chegue sem registrar alguma coisa por aqui. Não porque faz três meses que não venho escrever nada, mas porque com o novo ano sempre vêm novos planos e ideias, novas tarefas e realidades. E 2010 vai ser assim mais que qualquer outro ano que já tenha passado. Pela primeira vez, não tenho a menor ideia do que vai acontecer comigo. Sabe, assim, nada.

Quer dizer... posso dizer que tenho mais planos e vontades que em todos os outros anos, mas também que a realização de tudo isso não depende de mim. Então, melhor não pensar nisso agora, né?

E eu queria não ser clichê e não ficar falando de todas as coisas mimi do mundo agora, mas... recebi há 5 minutos um e-mail tão lindo da Cláu que não vou conseguir deixar de agradecer às pessoas que fizeram parte do meu 2009. Das antigas, das contemporâneas, das conhecidas esse ano, mesmo. Meu ano não teria sido o mesmo sem vocês, podem ter certeza :)

Aprender exige força de vontade, crescer dói, emagrecer é impossível e acabar a faculdade sem sofrimento é além da imaginação. Apesar de todas as alegrias de não ter mais que assistir a certas calamidades, me aperta o coração não estar mais entre vocês, todos os dias. Todos nós sabemos que nenhuma despedida é pra sempre e que nada quer dizer que não nos veremos mais. Mas é inevitável sentir uma fagulhinha quando penso no mundo lá fora que nos espera. E que agora é de verdade.

E, de uma forma ou de outra, quero lembrar que esse ano, querendo ou não, vai ser diferente. Então, que seja! Feliz 2010 ;)

sábado, 3 de outubro de 2009

Odeio ver essa janelinha em branco.

Acho que é porque isso quer dizer que minhas ideias andam indo pelo mesmo caminho.

Sem mais.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

And time goes by.

- Você já foi melhor.

- Você também.

...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Evening Elegance

Dá aflição ver essas teias de aranha, essa página ressecada, essas cores pálidas; mas às vezes simplesmente não dá pra fazer nada contra. As ideias fogem e quando a gente tenta correr atrás delas acaba tropeçando em outras ideias. Que fogem. E quando a gente tenta correr atrás delas, acaba tropeçando em outras ideias... E daí pra diante.

Hoje na volta pra casa, parada no trânsito caótico de São Paulo, eu enfiei os fones no ouvidos mas não quis abrir o livro pra ler. Porque eu estava pensando e, tá, eu sei que pra pessoas como eu pensar dá um pouquinho de trabalho, mas enfim... Eu estava pensando em coisas que não me deixariam me concentrar no livro.

É engraçado porque às vezes dá vontade de olhar pras pessoas na rua e descobrir o que tem ali dentro de cada uma. Hoje eu esqueci tudo que me incomodava pra olhar pra fora e ver os outros. Sabe quando tudo te diverte/inspira de algum jeito? O reflexo do celular do cara da frente no vidro, e ele achando que ninguém poderia ver o que ele estava escrevendo. A moça que trocou de lugar com uma outra só pra deixá-la perto da amiga (aliás, a moça era tão magrinha). A outra moça bonita que queria que tivesse um ponto de ônibus bem na frente da casa dela pra não ter que andar o quarteirão de volta.

Não, não penso as coisas pra terem sentido. Não digo coisas com sentido, não sonho coisas com sentido e nem faço muita coisa, absolutamente, com sentido algum. Só... as coisas acontecem, os pensamentos surgem, as frases saem antes que eu possa contê-las e os sonhos... bom, eles fazem parte do subconsciente. Não sei o sentido da vida, do universo e tudo mais. Não preciso de sentido pra viver, embora quase me enlouqueça não saber se existe algum.

Não vivo com sentido e nem preciso de sentido pra viver, só vivo. Vivemos, seres humanos. Até onde eu sei. Não que eu saiba muito.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Metáforas

É engraçado como a gente usa metáforas pra se expressar, o tempo todo.

No meu último aniversário (há cinco meses e onze dias, exatamente) ganhei da minha mãe entre trocentos livros um tal de “Tudo bem não alcançar a cama no primeiro salto (e outras lições de vida que aprendi com os cães)”, do John O’Hurley, que é ator mas eu não sabia até hoje de manhã. Não tem nada de literatura profunda, como dá pra perceber pelo nome, mas é bem engraçadinho e leve. Especialmente pra ler no ônibus no trânsito dessa cidade caos.

O livro é cheinho de metáforas. O autor compara as atitudes dos cachorros que ele teve com as de seres humanos, e vai contando episódios da vida e tipo, “o que aprendi com o cão tal no dia tal”. E isso me fez pensar em como a gente faz isso o tempo todo. Faz um certo tempo, li que se envolver com alguém era pular de um abismo e tentar voar. E, se a relação desse certo, o voo teria sido um sucesso. No livro dos cachorros, cada tentativa é um salto. Se a gente não consegue de primeira, tenta de novo, acha outro caminho, espera mais um pouco e para pra pensar.

Teve uma vez também que prometi aqui tentar entender mais as metáforas dos outros, ou usar mais metáforas, alguma coisa do tipo. É curioso, mas acho que , se você não entende, é porque não era feito pra você entender mesmo. Acabei me conformando em não entender certos usos e invencionices. Talvez nem me conformando, mas me acostumando. Vira e mexe alguém revira os olhos pra cima, olha pra mim e me diz que eu não entendo nada. Natural.

Há metáforas puras e impuras, li num site sobre a língua portuguesa. No colégio, ninguém nunca tinha me dito isso. Tudo se resumia a “Fulano é uma raposa”, que é metáfora, em oposição a “Fulano é esperto como uma raposa”, que é comparação. Tem Camões com "Amor é fogo que arde sem se ver" e Drummond com “O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”, também. De qualquer forma, deve ser melhor viver as metáforas do que tentar entendê-las. A vida é um ponto de interrogação, sabe?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Cansei.

Cansei de tanta gente, de tanta coisa, de tantos lugares vividos e passados. Cansei de me cansar, cansei de ser a mesma mas cansei de tentar mudar, cansei de conversar sobre estarmos tão cansadas. Cansei de faculdade, de TCC, de mil novecentos e bolinha. De café frio, de msn, de saudade e de ignorância. Cansei de dizer abobrinhas, cansei de me importar com o que as pessoas pensam de mim. Cansei de me importar com algumas pessoas.

Cansei de gente louca, cansei de ofensa, cansei de ser boazinha demais. De Ruffles, suco e chocolate. Cansei desse post aí de baixo, cansei do que eu escrevo. Cansei de reclamar, de pedir ajuda, de oferecer. Cansei de esperar as coisas caírem do céu. Cansei de carne moída com purê de batata e até de morango com açúcar.

Cansei de reclamar de estar cansada.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Retrato

O esmalte vermelho estava ainda fresco, tanto quanto a brisa que soprava lá fora. Os olhos marejados contemplavam a chuva que já não caía mais, e as palmas quentes se sujeitavam ao ar frio que vinha da janela aberta.

Ar puro. Inspirou o mais fundo que pôde, esquecendo a tosse que roncava no peito havia alguns dias. Havia muito mais lhe apertando o peito que a tosse seca de outono. A armação prateada dos óculos estava prestes a se partir, observou. Precisava ir até a ótica. “Armação”. A palavra em letras cursivas desenhou-se na tirinha de papel afixada com imã na geladeira, conduzida por uma ponta de grafite extremamente fina. Extravagâncias.

Extravagâncias. Sobre a mesa posta do café da manhã, despertava a pizza de rúcula, tomates secos e mussarela de búfala do dia anterior. Intocada. Faltava-lhe apetite, paladar, sabor, cor. Vida.

O toque estridente do telefone celular era inconfundível. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. “Uma chamada perdida”, diziam os caracteres brancos na tela pequena de fundo azul. Impassividade.

A dor, a consciência, a vontade e o orgulho sombreavam a existência, quase que a ocultavam. Na sala, no apartamento gelado, na cidade acinzentada, na face da Terra, tudo se movia alheio à vontade daqueles olhos marejados, daqueles dedos com esmalte vermelho, daquele aperto no peito.

Quem reinava, soberana, era ausência. De apetite, de paladar, de sabor, de cor, de vida. Dela mesma.

domingo, 17 de maio de 2009

Smile like you mean it.

Ela não sabia sorrir.

Ela não sabia sorrir em fotos, nem rir de piadas, nem cumprimentar os outros mostrando os dentes. Não ria da vida nem para a vida, não ria dos outros, não ria dela mesma.

Só sabia se enfiar nas desgraças que tinha construído com tanto esforço e só queria chamar a atenção do mundo chorando pelos cantos. O máximo que ela conseguia era esboçar um sorriso de canto de boca, às vezes, ou fazer caretas. Quando não conseguia, ela simplesmente virava o rosto.

Como é que ela queria tanto ser feliz sem saber sorrir?

Juro que não entendo gente que não sabe sorrir.



Ps - E aí eu entro no Orkut e ele me diz "Smile. That's all". =)

sábado, 16 de maio de 2009

Tinha um vampiro no ônibus.

É, um vampiro. Ele tinha cara de vampiro, jeito de vampiro, roupas de vampiro. Usava um daqueles sobretudos compridos, pretos. Calça social preta, pernas cruzadinhas e sapato preto.

O cabelo era meio ondulado, penteado para trás com esforço, alguns fios meio rebeldes. O olhar era taciturno mas os olhos eram meio esbugalhados, como aqueles vampiros de filme. Só não eram vermelhos. Deviam ser lentes de contato.

Ele parecia meio assustado e a certa altura resolveu colocar os óculos, de lentes grossas e coisa e tal. Se ele usava lentes de contato, podia ter comprado lentes com grau, de uma vez.

Mas o tal vampiro era um cara meio irônico. Ele mantinha as mãos unidas sobre o colo, como quem faz uma prece. E também, percebi quando estava passando, uma tatuagem que devia ir do cotovelo até o pulso, um tribal meio maluco, mas que terminava numa cruz.

Eu realmente vou postar isso?

terça-feira, 12 de maio de 2009

E então, por alguns instantes, ela se permitiu acreditar que tudo seria daquele jeito...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Insanidade

Você voltoou!
Voltei? Por quê? Eu tinha ido viajar?

Você sumiu...
A gente nunca some, tá sempre aí.

Mas você não parou de escrever?
Claro que não, na minha memória tá tudo escrito e descrito.

E quando vai me deixar saber, então?
Em breve, em breve. Relaxa que tá tudo sob controle.

E a faculdade?
Bom... a melhor coisa dela é quando eu descubro que não preciso ir, mas tá legal, tá legal.

E o TCC?
O T-o-quê?

Ah... você não quer falar disso?
Falo, falo de qualquer coisa. O que você quer saber?

Ah, sei lá, conta aí o que quiser.
Então tá bom, eu te deixo saber umas coisinhas, aos poucos, nas próximas semanas.

Você é maluca.
Ah, jura? Conta uma novidade, então, bem.

domingo, 15 de março de 2009

Monotemática.

I'm a Barbie girl, sweeties.

Prometo voltar em breve.

;)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

E aí...?

E aí que eu adoro esses repentes.

Sabe, é difícil de explicar, mas algumas coisas simplesmente acontecem. Amizade simplesmente acontece; chuva de verão simplesmente acontece; abraço, muitas vezes, simplesmente acontece. Gargalhada simplesmente acontece. Amor simplesmente acontece.

Já perdi tanto tempo tentando entender como as coisas acontecem que acabei perdendo junto a vontade de saber. E acabei descobrindo que tudo parece mais positivo quando a gente não entende o tal do “como”, ou o “porquê”, só entende que é e pronto acabou.

Não sou do tipo passional; tenho medo de ironia, mas minha felicidade é me largar no sofá com música e palavras, sozinha, sozinha. Parece que eu não me empolgo com televisão, nem com histórias, nem com amores; mas é porque nada disso sai do escuro do meu quarto, do meu mundo, da minha razão. Não sou fina nem esnobe, nem fútil nem boba, talvez fria e racional, mas não insensível; só comedida.

E essa minha razão inveja o coração de quem é passional, intenso. Não sei ser passional, não sei ser intensa, só sei ser profunda com gestos e com olhares. Não tenho coragem de dizer pro mundo o que eu penso; tampouco tenho a cara de pau de fazer o que eu tenho vontade. Não tenho nada contra a paixão; já me apaixonei algumas vezes, não muitas, confesso que é emocionante. Mas não procuro respostas pra tudo porque cansei de me decepcionar com as tais respostas que não existem.

E aí me percebo lendo coisas e procurando pessoas que consolem a minha decepção com as decepções delas, e acabo caindo na mesma mesmice de achar que não é normal ser normal. Leio tudo quanto me faz pensar demais; mas sempre o que me faz gostar de viver. Só não gosto de ler tristezas alheias, por mais que desconhecidas; porque elas me fazem ter compaixão e vontade de abraçar as pessoas sempre e dizer que tudo vai ficar bem, por mais que eu não possa. Pela minha falta de intensidade, procuro a intensidade nos outros.

Não é tão absurdo; a vida não é tão absurda, embora pareça muito e muitas vezes. Confesso que desacredito da vida quando ela se torna mais palpável e mais evidente. E sabe? Não sei nada da vida, muito pouco de amor e de gente. Mas as coisas que simplesmente acontecem são, de fato, coisas simples. Chuva de verão é simples, não é? Gargalhada não é simples? A vida é simples; e digo isso sem correr o risco de me arrepender depois.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Até o be-a-bá.

Eu tenho esse caderno desde o terceiro colegial. É um caderno de capa dura, azul marinho, com o nome de alguma firma de engenharia. Meu pai ganhou de algum fornecedor e me deu, pra eu fazer resumos e estudar para as provas. Nas primeiras páginas, tem um monte de fórmulas, teoremas, regras e sei lá mais o quê. Depois... depois tem a minha vida. Ok, não ela toda. Mas tem uma boa parte dos últimos três anos.

Eu comecei a usar o caderno pra tudo. É ele que eu uso pra estudar, fazer resumo, escrever post de blog, lista de afazeres, prova de processo seletivo, desenho besta, telefone, rabisquinho, desabafo. É como se fosse o caderno da música do Toquinho e do Chico.

Nessas páginas tem o primeiro post do meu blog. E muitos outros, aliás, todos cheios de asteriscos, rabiscos e flechinhas. Tem rascunhos de posts que eu nunca publiquei. E de outros tantos que eu nunca tive a intenção de publicar. Tem trabalhos da faculdade que eu passei a limpo, tem listas de tarefas do trabalho, tem frases soltas e desabafos, muitos dos quais sem data. Aquela briga, aquela decepção, aquela dúvida, aquele amor, aquela vontade, aquela raivinha. Tudo ali.

E tem letras de música, muitas letras de música. É o que eu mais gosto de fazer, quando fico desanimada, sem criatividade ou com sono. Deito na cama, ligo o iPod e começo a fazer rabiscos sem sentido no caderno. Tem muitas frases perdidas, ou só trechinhos. O mais legal é ficar tentando descobrir de que música é tal verso, em que ocasião eu anotei aquele outro. Tem até músicas inteiras, que eu já sabia de cor ou que coloquei no ‘repeat’ até conseguir escrever todas as estrofes.

Algum dia, daqui a muitos, muitos anos, alguém vai achar esse caderno. Queria eu mesma ser esse alguém.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Filosofia barata - e molhada.

Tem muitas coisas estranhas que eu tenho o costume de fazer; isso vocês já sabem. Mas tem uma, em especial, que me faz relaxar e nem perceber o tempo passar: é observar gotinhas de água na janela do carro em movimento.

Sábado passado eu fui pra Águas de Lindóia com os meus pais. Só pra passar de sábado pra domingo mesmo, aproveitar um pouco do sol antes da longa semana de trabalho. Meu pai não é das pessoas mais tranquilas no trânsito; digamos que ele é que me inspira a fazer 120km/h na 23 de Maio e coisas do tipo. Logo, ele devia estar a mais ou menos essa velocidade na estrada. Estava sol, mas juntaram-se algumas nuvens e o carro recebeu algumas gotas de chuva.

Na minha janela, no lado de fora, sobraram alguns pinguinhos quando o sol voltou. E, àquela velocidade, os pingos, obviamente, corriam para a parte de trás do carro. Não digo que eles corressem, com perninhas e tudo, mas eles simplesmente se encaminhavam pra lá. Como se fosse esse o caminho que eles deviam fazer, de qualquer jeito.

Fiquei parada uns bons minutos concentrando minha atenção nas gotinhas. Algumas mais grossas, outras quase que imperceptíveis; algumas eram mais rápidas, outras tentavam alcançá-las, como numa corrida. E as que se unem para aumentar a velocidade e alcançar o outro lado? E as que cortam caminhos, então?

Fascinante a trajetória das gotículas de um extremo a outro do vidro da janela. Lembrei-me de quando eu era menorzinha, e, com preguiça de tomar banho, parava debaixo do chuveiro olhando as gotinhas escorrendo. Do mesmo jeito, de cima a baixo do vidro, algumas menores e outras mais grossas, que rasgavam o caminho engolindo as adversárias. Eu era capaz de ficar muitos minutos ali parada, pensando na vida; ou pelo menos até minha mãe bater na porta do banheiro e perguntar se estava tudo bem, me mandando desligar o chuveiro.

Adoro observar coisas pequenas; e a sua participação no todo. As gotinhas caminham do teto ao chão do banheiro porque é seu caminho natural. Assim como os pingos de chuva atravessam o vidro na horizontal porque assim lhes convém; porque a velocidade do carro indica o caminho que eles devem seguir; e mesmo contra a vontade, é para lá que eles vão.

Não era assim que eu tinha pensado em terminar esse texto, mas... acabo de parar para pensar: somos todos gotinhas, indo aonde o vento nos levar. Prontofalei.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Passagem na escada rolante.

“Que feio, né, mãe?”

“O quê, filha?”

“Beijar na boca”.

A menininha subia a escada rolante do shopping logo atrás de mim, de mãos dadas com a mãe. Não cheguei a vê-la direito, mas pela voz devia ter uns cinco ou seis anos de idade. Acabara de ver um casalzinho jovem se beijando em um dos corredores. A mãe lhe perguntou quem era, ao que ela respondeu que era uma “menina”. Menina como ela? “Bem, bem mais velha”.

Não ouvi o resto da conversa. E bom, nunca me imaginei escrevendo um texto sobre o beijo. Sou toda recatada e puritana e blablá. Minhas amigas sempre dizem que, se a gente parar pra pensar, beijar é uma coisa bem nojenta. Tipo, saliva, línguas, eca. Mas nem por isso as pessoas deixam de beijar.

Mas sabe? Dou razão pra menininha no que diz respeito a beijar muito cedo ou em lugares públicos. Acho horrível ver aqueles casais – de 13, 14 anos – super se pegando no cantinho do metrô ou na parede do shopping. Tá, não só os de 13 ou 14 anos, todos eles. Mal sabe a menininha que ela vai dar de cara com uma situação dessas mais cedo do que ela pensa. Na verdade, é bem capaz que ela vire uma das meninas de 13 anos se agarrando em paredes de shoppings por aí.

A juventude tá toda perdida. Que saudade dos meus 13 anos em que eu batia tazos do Pokémon e brincava de Barbie... hahaha

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Oi, eu sou maluca.

Eu tenho uma amiga imaginária. É, eu tenho 20 anos e tenho uma amiga imaginária. O nome dela é Carol, e nós somos amigas desde sempre. Bom, eu devia ter uns quatro, cinco anos quando conversamos pela primeira vez. Carol... não sei porque, mas acho que é porque eu nunca me dei muito bem com “Caróis” por aí. Devo ter tido umas duas, três amigas com esse nome na vida, e sempre quis ter uma Carol mais próxima.

Eu conto tudo da minha vida pra Carol. Tipo, tudo. E ela acaba sabendo mais de mim do que eu mesma. Normalmente, ela é quem joga na minha cara verdades que eu insisto em negar, e é quem me faz admitir coisas que eu não admitiria nem que me pagassem. “Não, não é bem assim” “Bonie, larga a mão de ser idiota, é assim sim!” “Não, não é” “Bonie...”. Ela sempre me pega.

A Carol não tem rosto, nem sei se ela é alta ou baixa, gorda ou magra. Só sei que ela é morena de cabelo comprido. E tem TPM. E eu vivo jogando na cara dela que eu não tenho. Como que pra me vingar das coisas que ela joga na minha cara, talvez. Ou pra provar que, apesar de todos os meus problemas e esquisitices, pelo menos TPM eu não tenho.

É ela que ri das minhas idiotices, que dispensa minha necessidade de escrever em diários, que presta a maior atenção nas histórias – muitas vezes, também imaginárias – que eu não conto pra mais ninguém. Às vezes, ela se transforma em alguém conhecido pra quem eu conto uma história real, outras vezes é só aquela pessoa sem rosto que fica ali pra conversar. Ahm... ok, eu sou maluca, mesmo.

Claro que a gente briga, quando ela tenta me convencer de coisas em que eu não quero acreditar. Mas que, no fundo, são inegáveis. Mas é legal ter uma amiga imaginária. Ela só aparece quando eu preciso, só me conta o que eu quero saber e nunca me cansa. Só que de qualquer jeito, meus amigos reais continuam a ser indispensáveis.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

20 primaveras

No dia 28 de janeiro do ano passado, eu postei aqui as “19 metas para cumprir aos 19 anos”.
Um ano se passou, e cá estou eu, novamente, tentando escrever alguma coisa sobre o fato de fazer aniversário. Só pra constar, se eu tenho algo que comemorar, é o Ponta do Durex ter sobrevivido até hoje. Acho que pelo menos isso eu comecei pra não desistir depois de uma semana. E algumas coisinhas mais, também.

Eu fiz a listinha, e agora a gente pode ver se eu realmente cumpri ALGUMA das metas.

1. Tocar teclado direito pra poder aprender a tocar piano. – ahm... não.
2. Me dedicar aos estudos e parar de dormir nas aulas que eu não gosto. – bom, pra ser sincera, eu parei de dormir nas aulas de que eu não gosto. Resolvi ficar dormindo em casa e simplesmente não aparecer na faculdade.
3. Emagrecer os sei lá quantos quilos que eu ainda acho que preciso. – ahm... não.
4. Arranjar um estágio na área de jornalismo mesmo. – não que seja o que eu procurava, mas é, arranjei.
5. Me importar menos com a opinião dos outros. – será? Acho que eu consegui, pelo menos um pouquinhoinhoinho.
6. Ver mais filmes. – Check. Ok, não tanto quanto eu gostaria, mas check.
7. Entrar menos no MSN. – Check.
8. Escrever mais / postar mais no blog. – Check.
9. Ir ao JUCA. – Tem meio certo nessa brincadeira? Hahaha.
10. Guardar algum dinheirinho. – Bem ‘inho’, bem mesmo.
11. Usar mais metáforas; tentar entender as metáforas dos outros. – Acho que eu tô ficando boa nisso.
12. Ler mais livros. – Pééééééé. Eu li mais livros nos últimos 30 dias do que no ano de 2008 inteiro. E é sério.
13. Fazer novos amigos e manter os velhos. – Check.
14. Sobreviver à rotina “Faculdade – trabalho – alemão – Trabalhos da Cásper”. – Tô escrevendo aqui, ainda, não tô?
15. Ser menos grossa/fria/insensível – ou pelo menos aparentar ser menos tudo isso. – Acho que eu não sou a pessoa mais indicada pra afirmar isso.
16. Ir a mais festas; só as baladas boas de faculdades legais. – Se elas foram boas e de faculdades legais é que eu não sei...
17. Escrever pro Esquinas ou pra Imprensa, antes que seja tarde demais. – É... assim... pensando bem... tá, check.
18. Cuidar mais de mim mesma. Em todos os sentidos. E dos outros também. – Depende da época do ano. Andei em extremos nos últimos 365 dias =x.
19. Ser mais feliz, se é que é possível. – Tem mesmo que responder essa?

Ah... tá. Essa lista boba aí de cima só serviu pra ver que eu nunca cumpro nem 50% das coisas a que eu me proponho. Então... quer saber? Pros próximos 365 dias, vou deixar a vida acontecer. :)

sábado, 24 de janeiro de 2009

Viagenzinhas parte 4.438

“Sempre acho que nada é por acaso”, eu disse esses dias pra Vânia no MSN.

É tão engraçado a gente parar pra pensar nas coisas do passado – e nem precisa ser tão passado assim, pode ser tipo dois meses atrás – e ver que elas não foram em vão. Na época, com certeza, você achou que aquele namoro tinha sido a pior coisa por que você passou, que aquela mancada que sua amiga deu com você era imperdoável e impossível de esquecer, que aquele emprego que você recusou era a sua cara e você perdeu.

Mas, se você parar pra analisar, hoje, vai ver que foi bem melhor assim. No fundo, aquele namoro fez você conhecer pessoas maravilhosas que hoje fazem parte da sua vida. Por causa da mancada que sua amiga deu com você, a amizade se fortaleceu e hoje vocês são inseparáveis. E o emprego que você recusou nem era tão legal assim... hoje você trabalha num lugar maior e melhor, mesmo que tenha sofrido um pouquinho pra isso.

E é bem verdade que algumas situações esquisitas tornam-se marcos na vida da gente, a ponto de a gente querer relembrar sempre e talvez até revivê-las. Ao mesmo tempo em que outras a gente poderia simplesmente... esquecer pra sempre.

O que importa, na verdade, é que a gente não vai esquecer. Nem as coisas boas, nem as ruins. E acaba sendo melhor assim, porque é desse jeito que a gente acaba mantendo um registrinho da vida, e de tudo que aprendeu com ela. Aliás, será que dá pra calcular quanto eu aprendi nos últimos 20 anos? Uau.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

De céu azul e sol brilhando.

Sinto gosto de verão. Não só sinto gosto de verão, mas sinto cheiro de verão, vejo cores de verão. Talvez porque seja verão. Saí de casa hoje de manhã com roupa de frio, mas lá no fundo eu sabia que ia continuar sendo verão. Porque no verão eu saio cedo e não me importo, já que de manhã, quando ainda tem um ventinho, é muito mais gostoso andar sob o sol.

Porque no verão eu levanto da cama pensando em leite gelado, eu lavo o rosto sem medo da água fria, eu sinto cheiro de almoço sendo feito de manhã cedinho, na padaria, e sorrio. Eu sorrio pra vida. É, eu sorrio pra vida. E eu sorrio pro verão, porque eu sei que ele vai me sorrir de volta. Porque eu sei que o sol não vai negar meu pedido de desculpas por não olhá-lo de frente. Porque o céu azul não vai fugir de mim quando eu quiser ficar deitada no chão pensando na vida.

Mas o verão não é incondicionalmente bom. Acho que a única coisa incondicionalmente boa que existe no mundo é chocolate. E recém-nascido, talvez. Verão só é bom com ar-condicionado, com sorvete, com água fresca, com piscina, com andorinha, com brisa, com gente por perto pra viver. Mas é que isso tudo é meio que parte do verão, um não é sem o outro, o outro é a razão de ser do um. Sei lá. Só sei que quando eu penso que é verão, e olho lá fora e vejo esse céu azul mais azul ainda, esqueço de passar metade do dia reclamando de coisas que não vão mudar.

No verão me dá mais vontade ainda de viver.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

E acabou num abraço apertado.

- E se eu disser que você é a menina de quem eu mais gostei na minha vida?
- Eu não vou saber se é verdade.
- E se eu disser que você é a única menina de quem eu gostei de verdade?
- Eu também não vou ter certeza...

Os olhos voltados para o céu, o vento gelado no rosto, a mão amiga ao redor da cintura. Ele só queria fazê-la sorrir. Ela engolia o choro enquanto olhava as luzes de Natal em breve apagadas. Talvez tenham sido mais, algum dia. Agora, pareciam ser amigos, dos melhores. Era o momento deles.

Que podia durar pra sempre.

Mas acabou num abraço apertado.