terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Num piscar de olhos (ou em uma semana, tanto faz).

“Fala da nossa amizade”.

Muito bem, e eis a história dela! Vai ficar curto, mas é verídico. Eram duas meninas separadas por 636 quilômetros. Uma lá do sul, outra do sudeste. Uma nem sabia da existência da outra, mas tinham muito em comum. Livros, gostos, felicidade, os olhos fechados ao sorrir. E as duas sem saber. E foi assim por anos e anos. Até que um dia, um amigo em comum, uma história, algumas visitinhas em blogs da vida. Histórias contadas, fofocas, conselhos dados de ambos os lados. E nasceu uma amizade.

Quem é que se importa se são dez anos ou dez dias? Tem gente que conta pra amiga de dez dias coisas que não conta pra nenhuma com a qual tenha convivido todos os dias nos últimos dez anos. E isso não tem explicação. Só quem sente sabe como é, por que é e quando é.

E é o tipo de coisa de que é digno se orgulhar. Amigos do tipo que se faz em uma semana, e que se leva para uma vida inteira. E bem que podia ser assim com todos eles.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Esses dias eu tomei a chuva mais gostosa da minha vida.

Eu estava sozinha, e não podia ter sido melhor. Sentir a água escorrendo pelo corpo, o cabelo molhado colando no rosto, os pés quase descalços se afogando em poças no chão, os respingos nos braços. E não tem nada melhor que parar sob as grossas gotas caindo, pensando. Pensando na vida, no mundo, em tudo que acontece com você, com os outros. Passada a chuva, minha primeira atitude foi dizer para um amigo: "Estou encharcada. Encharcada e feliz".

Queria que todos os dias, alguém pudesse chegar em casa sentindo a mesma coisa. Sentindo o cabelo molhado, o peso da mochila nas costas, o cansaço do fim do dia, mas a felicidade da água da chuva batendo no rosto. Queria que todo mundo tivesse a certeza de alguém esperando em casa. Queria mais tempo. Queria menos decepções. Queria ser capaz de fazer sempre o bem às pessoas de quem eu gosto. Queria que ninguém no mundo sofresse por nada. Queria que todo mundo pudesse comer pão de coco com o maior prazer no café da manhã. Queria que a gente não perdesse tempo brigando por bobagens. Queria mais liberdade, menos libertinagem. Queria ir atrás do que eu quero. Queria que todos fossem. Queria ter coragem de dizer o que eu penso. Queria que as pessoas não fossem embora, queria que algumas viessem pra perto. Queria conhecer todos os lugares que tenho vontade. Queria ouvir os pássaros cantando de manhã, em vez das buzinas e do trânsito. Queria ver as estrelas no céu à noite. Queria que todos os dias, alguém pudesse cair, se levantar, olhar para trás e dizer "Valeu a pena".

Pensando bem, eu não queria tudo isso. Eu quero.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

E começa tudo de novo!

[Inspirado por uma inspiradora Desiluminância!]

Cinco e meia da madrugada. Despertador. Sono, preguiça. "Hoje tem aula, meu Deus". Levanta, vai. Tudo bem, você consegue. Água, torneira, nossa, tá frio. Leite com Nescau, pão de coco, rocambole de goiaba, remédio da gripe, "Meu Deus, não aguento mais comer". Escova os dentes, roupa - tá frio ou tá calor? - andar até a janela, tá calor. Volta pro quarto, ai meu cabelo, não posso aparecer assim no primeiro dia de aula! Estica, puxa, penteia pra um lado, penteia pro outro, ah, que se dane. Quarto - meu Deus, que bagunça! - arruma a mesa, cadê a mochila? Material... ai meu Deus, nem estojo eu tenho. Bloco de fichário, caneta, celular... ai, tá carregando. Chave de casa, garrafa de água. Porta, fechadura, elevador.

Pressa, passos, apressados passos. Nossa, vou ver gente. Carros, ônibus, oba, o ônibus veio logo! Argh, como o ônibus tá cheio! Senta, empurra, pisa, dá licença, ai meu pé! Trânsito, calor, e esse tempo que não passa! Oba, vou descer. Um rapaz lendo uma revista, concentrado, deve estar interessante, vou espiar... quê?!?! Eita, sete e meia da manhã não é meio cedo pra isso não?

Ar! Passos, avenida, eu tinha esquecido como isso aqui era cheio de manhã. Olha pra essa menina caminhando apressada, uma mochila enorme, certeza que é bixete. Gente, quanta gente nessa faculdade! Tudo bem, tô pronta, é só mais um ano. Ooooi, abraços, quanto tempo, que saudade... ah, você eu vi na semana passada! Quem são esses? DP? Transferência? Ah, eu não tenho medo dela. "Isso é porque você nunca esteve no mesmo recinto que ela". Ué, por que a gente não tá tendo aula? Vai ver ela achou que ia ter trote. Meu, olha esses bixos, todos na sala. Ah, mais uma... vergonha de entrar na aula de português? Só porque são 8h15? Bixos, bixos...

Ah, ela chegou! Aula, aula. Apresentem-se, ok. Olha a matéria dela naquela revista! O texto, as fotos. Olha a matéria dele naquele jornal... que jornal? Ah não, dá licença. Ótimo, todo mundo já trabalhou em mil lugares e publicou matérias, quem disse que eu queria? Depressãozinha. Pelo menos não sou só eu.

Sinal, quanto tempo eu não ouvia isso. Vamos sair, ok. Corredor, mais abraços, mais olás, mais saudades. Comida, não, não aguento comer, vamos acompanhar. Terceiro andar, gente, como isso bomba! Mais abraços, mais "nossa, te vi semana passada" e "nossa, vou te ver todo dia", fugir pra rampa? Não. Tá booom, eu fico fazendo companhia, ai meu Deus, to atrasada pra segunda aula, vamos subir! Hmmm anota, rabisca, vamos rascunhar o post do blog na segunda aula... mas eu não disse que ia prestar atenção? Ok, parei. Mensagem no celular? Outra? Meu Deus, tenho que prestar atenção! Ufa, acabou mais cedo, cantinho do mal, fofocas. Hora do almoço, Black Dog, batata, que lanche enorme! Ai, essa abelha chata.

Metrô, metrô, trabalho, computador, chocolate. E-mails, e-mails, e-mails, fofocas de trabalho, uhul, vou embora... ah não, reunião faltando dez minutos pra eu sair? Ótimo, metrô, ônibus, gente, gente, gente. Ufa, consegui sair. Banho, cabelo, alface, abacate. Computador, Orkut, msn, blog, flog, post, blog.

Gente, tô morta. E olha que foi só o primeiro dia.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Volteando no labirinto dos anseios.

Tem gente que não sabe o que quer da vida.

Não sabe se vai com o vestido roxo ou com a saia azul. Se sai de balada ou faz um doce. Se corta o cabelo ou se compra uma bicicleta. Sei lá, é tão subjetivo. Mas muitas vezes a gente age sem pensar e se arrepende. Ao mesmo tempo, tem vezes em que agir por impulso faria toda a diferença. Não sempre, claro. Mas uma vez ou outra, só pra vida não parecer tão sem graça.

Imagine só você se deparando com aquela situação maluca, que você não imaginou acontecer nem nos seus sonhos mais fantásticos (ok, talvez nos mais fantásticos sim, a gente nunca sabe o que pode aparecer na mente). E aí você precisa tomar uma decisão. Nem precisa ser uma decisão imediata, urgente. Mas você sabe que mais cedo ou mais tarde, vai ter que resolver o que fazer. E aí vem a balança, em que você pesa os prós e os contras. E - rá! - a balança se equilibra e você não sabe o que fazer. Aí começa a colocar pesinhos a mais em cada um dos lados, pra ver se faz alguma diferença. Claro que não chega a nenhuma conclusão.

Depois vem a consciência. A consciência plena, com seus dois lados. Não, mais que dois. O subconsciente, que manda um sinal pra você agir - hãm - por impulso. O amigo vermelhinho das histórias dos gibis, com seu rabinho e seus chifrinhos, que diz que é pra você exagerar no impulso e extrapolar, tomar a decisão... [eu ia escrever errada, mas não é bem o que eu quero dizer] a decisão mais arriscada. E o amigo azulzinho da auréola, que manda você ficar na sua e tentar apaziguar a situação, porque você é uma pessoa inocentezinha e pura. E ah, claro, você, que não sabe o que quer da vida, fica sem saber a quem obedecer, por qual dos caminhos seguir, e acaba se perdendo no labirinto das suas vontades.

Acho que não saber o que você quer da vida é uma das piores coisas que pode existir. E eu não culpo ninguém; faço parte desse grupo tão grande e tão perdido. Mas ainda acredito que no final, a gente encontre a saída. Mesmo que demore um pouco, mesmo que precisemos dar voltas e voltas pelo labirinto, conhecer todos os cantinhos. Sempre vale o aprendizado ;)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Repentino e paradoxal.

Os melhores textos são aqueles que a gente risca e rabisca trocentas vezes, até ficarem bons.

E pra isso, nada melhor que uma bela folha em branco, naquele caderno velho que você não usa mais. E aquela sua caneta favorita. A mais macia, que te deixa mais à vontade e que faz com que as idéias fluam mais. E nem adianta pensar que é só ter vontade de escrever que a coisa sai. Às vezes você senta, deita, muda de posição, põe o caderno prum lado, pro outro, troca a caneta, risca, rabisca e não adianta nada.

Mas quando a inspiração surge, não tem como fugir. E é bom arranjar um papel logo, nem que seja provisório, para que as idéias não fiquem fervilhando na cabeça, sem ter para onde escapar.

Concordo que há fases. Fases em que a inspiração não chega, em que parece que nada acontece, que a vida é sem graça, tempos em que temos de cavar muito fundo pra achar algo sobre o que falar. E ao mesmo tempo, tem dias em que do nada brota uma idéia, ou em que você ouve uma conversa, presencia uma situação... algumas conversas com as pessoas certas nas horas certas também podem fazer surgir as inspirações mais surpreendentes. Agora, por exemplo.

Muitas vezes, as idéias se dispersam tanto, se transformam em tantos temas diferentes, que é impossível transpô-las em palavras. Enfim. Estava precisando de umas inspirações repentinas como essa.

Os melhores textos são aqueles que a gente risca e rabisca trocentas vezes, até ficarem bons. Bem ao contrário desse aqui, da cabeça direto pro blogspot.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Conversa de ônibus – o retorno.

Hoje eu voltava do trabalho, cansada, com calor, esmagada num ônibus entulhado de gente até o teto. Nada anormal. Dali a pouco, pararam duas moças atrás de mim, conversando. Estávamos passando em frente ao Monumento às Bandeiras (tema, aliás, da minha descrição impressionista de português no último bimestre do ano passado. Tirei 9,5, oi.)

- Olha você ali, Cleide.
- Quem?
- Ali, empurrando o barco.
- Ahhh. - *risada boba* - Que estátua é essa aí?
- É o grito da independência, olha os cavalos.
- Ah, tá brincando comigo.
- Tô falando sério, eu sei das coisas.
- Mentira, você tá rindo.
- É verdade menina, é a proclamação da República!

(Nesse momento me contorci de dor e parei de escutar a conversa).
E só pra constar, o ônibus hoje tava bizarro. Em breve, maiores informações.