quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

E aí...?

E aí que eu adoro esses repentes.

Sabe, é difícil de explicar, mas algumas coisas simplesmente acontecem. Amizade simplesmente acontece; chuva de verão simplesmente acontece; abraço, muitas vezes, simplesmente acontece. Gargalhada simplesmente acontece. Amor simplesmente acontece.

Já perdi tanto tempo tentando entender como as coisas acontecem que acabei perdendo junto a vontade de saber. E acabei descobrindo que tudo parece mais positivo quando a gente não entende o tal do “como”, ou o “porquê”, só entende que é e pronto acabou.

Não sou do tipo passional; tenho medo de ironia, mas minha felicidade é me largar no sofá com música e palavras, sozinha, sozinha. Parece que eu não me empolgo com televisão, nem com histórias, nem com amores; mas é porque nada disso sai do escuro do meu quarto, do meu mundo, da minha razão. Não sou fina nem esnobe, nem fútil nem boba, talvez fria e racional, mas não insensível; só comedida.

E essa minha razão inveja o coração de quem é passional, intenso. Não sei ser passional, não sei ser intensa, só sei ser profunda com gestos e com olhares. Não tenho coragem de dizer pro mundo o que eu penso; tampouco tenho a cara de pau de fazer o que eu tenho vontade. Não tenho nada contra a paixão; já me apaixonei algumas vezes, não muitas, confesso que é emocionante. Mas não procuro respostas pra tudo porque cansei de me decepcionar com as tais respostas que não existem.

E aí me percebo lendo coisas e procurando pessoas que consolem a minha decepção com as decepções delas, e acabo caindo na mesma mesmice de achar que não é normal ser normal. Leio tudo quanto me faz pensar demais; mas sempre o que me faz gostar de viver. Só não gosto de ler tristezas alheias, por mais que desconhecidas; porque elas me fazem ter compaixão e vontade de abraçar as pessoas sempre e dizer que tudo vai ficar bem, por mais que eu não possa. Pela minha falta de intensidade, procuro a intensidade nos outros.

Não é tão absurdo; a vida não é tão absurda, embora pareça muito e muitas vezes. Confesso que desacredito da vida quando ela se torna mais palpável e mais evidente. E sabe? Não sei nada da vida, muito pouco de amor e de gente. Mas as coisas que simplesmente acontecem são, de fato, coisas simples. Chuva de verão é simples, não é? Gargalhada não é simples? A vida é simples; e digo isso sem correr o risco de me arrepender depois.

18 comentários:

Darshany L. disse...

nem sei o que comentar, porque você acabou de dizer tudo que eu tinha vontade de falar.
:)

Brancatelli disse...

A vida é simples...
Somos nós que complicamos ela.

É engraçado porque a racionalidade sempre inveja a irracionalidade e - acredite - a irracionalidade também sempre inveja a razão.
No fundo, nós sempre invejamos tudo aquilo que não somos. Sempre achamos que seríamos melhores se fossemos de outro jeito... e isso está muito longe da verdade.
É a sinceridade de ser o que somos que nos torna "melhores".
Quando eu digo que o que eu sou não transparece na ilusão daquilo que eu finjo ser, eu apenas estou dando meu atestado de incompetencia.

E, no fundo, eu invejo todos aqueles que, numa moldura clara e simples, são aquilo que se vê.

Bjo nas crianças...

Ana disse...

Lindo, lindo *-* Eu me identifiquei com várias partes desse texto, se não com ele todo :) Parabéns, você escreve muito bem !

Aliás, vi seu blog no blog da Darsh e adorei !

Beeijos ;*

Camila M. Schuch disse...

Muito lindo...


Sim, a vida é simples, nós que complicamos ela com nossas teorias...

Beeijos

Anônimo disse...

Eu leio pra me saciar, leio romances com histórias de amor, praticamente impossíveis pra mim. Mas não me sacia. Um dia talvez eu sacie essa fome por, ahn, romances.

Camilla disse...

Sou passional e intensa, mas não te invejo não.
Eu gosto de ser desse jeito, a vida pra mim também é mais intensa. Como eu vivo lá e não cá, uma coisa simples se transforma em uma grandiosidade!

É bacana também

Diego Paes disse...

isso, simplifica... sem firula saca?!

se eu fosse passional já tinha morrido hahaha falows

Anônimo disse...

E a Bonie escreveu filosofando, e ainda escreveu falando tudo! =D

Será que é isso o que acontece com aquelas pessoas que fogem do carnaval? rs

bjo!

Malu Azzoni disse...

ah. um texto DESTES precisa de comentários? acho que ele dispensa todos, sinceramente. adorei.
bjs

Cláudia disse...

Bonicildes, Bonicildes... olha, já li muitos posts seus e já disse várias vezes que foram seus melhores posts. Mas acho que esse entrou pro top Posts da Vida. E sem escalas. Você falou de você, mas também não falou: falou de todo mundo que tá entrando aqui e comentando esse post. =)

Mas também é preciso um tantão de coragem pra falar de si mesmo. E falar coisas que as pessoas só suspeitam, mas não formulam na cabeça: é jogar abertamente, francamente. Isso é incrível.

Parabéns. Mimimi. =')

meus instantes e momentos disse...

parabens pelo blog`. Ótimo post.
Muito bom vir aqui.
Um feliz final de semana..
Maurizio

Mar e Ana disse...

Sijoga, Bo =]
E meu deus que escrita linda!!
Sou sua fã.

:*

disse...

God, amei.
Eu sou diferente, do tipo que complica tudo. Lindo, lindo. :*

Rodrigo disse...

nossa, acho que gostei mto desse texto... =s

nessas horas, vejo que te entendo pouco, mas tudo bem... prefiro continuar achando que eu sei o que você pensa, às vezes...

ps: juro que fiz a postagem do meu blog antes de ler a sua!!! heauhaeuhae (mera coincidência...)

Felipe Held disse...

?

=s

Mar e Ana disse...

Eu ja li isso!
escreve outro? :D

:*

Alessandra Castro disse...

Ahhh eu acho que o certo é saber dosar cada caracteristica. Todo mundo tem momentos de drama, depressão e indiferença. Ultimamente estou mais p/ depressiva. E pro ativa.

Anônimo disse...

"E essa minha razão inveja o coração de quem é passional, intenso. Não sei ser passional, não sei ser intensa, só sei ser profunda com gestos e com olhares". INVEJA, VOCÊ DISSE TUDO! ACABA DE SE CONFESSAR! Você é insossa. Vá procurar um tratamento psicológico - sua mamãe certamente pode pagar - e quem sabe não volte com mais vigor que uma planta!