quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A gente não quer só comida.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Logo ali.
- Mas se você não acredita em nada, o que te motiva a continuar vivendo?, foi a pergunta que ficou sem resposta.
E dentro do trem, vozes, sons, palavras, pessoas, movimentos. O futuro passando pela gente, a gente passando mal, o mal ali no futuro também. Crescendo.
Aí ninguém entende porque parece impossível continuar, mas a gente continua.
domingo, 16 de maio de 2010
Probabilidades
Ainda não abri, mas me identifiquei porque boa parte das minhas horas de ócio - e das produtivas também - passo bolando teorias sobre a vida, o universo e tudo mais (às vezes o nível de afloramento da minha alma nerd me surpreende). E precisaria de uma mesa de bar ou uma longa tarde de café pra explicar em que elas consistem. Mas basicamente, uma das indignações da minha reles existência tem a ver com... a existência. Se é que alguma coisa nesse mundo é real.
E se tantos caras - físicos, matemáticos, filósofos, maluquinhos em geral - passaram tanto tempo de suas vidas teorizando sobre elas, achei que estava na hora de começar a entender o que eles pensam, e o livro está lá em cima da cama. Mas preciso terminar "O garoto no convés" antes dele (não que eu seja justa, porque pelas minhas contas tem 27 livros na pilha "a ler" do meu armário). Mas vejamos.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Muito tempo atrás...
Tudo é sempre meio igual por aqui. As conversas se repetem, os sons se repetem, os cheiros se repetem. As cores, as coisas, a comida, os livros, as ideias. Tudo é sempre rígida, severamente igual. O mesmo marasmo da vida de todo dia.
Estranho pensar que tudo isso sempre pareceu certo, natural, e que de repente não faça mais o menor sentido. É quase como se alguém batesse na porta, pegasse o roteiro antigo e entregasse outro. “Toma, essa é você agora”. “Peraí, mas... a minha personagem! A personagem que eu representei durante todos esses anos, você não pode simplesmente...”. E a porta se fechasse com um baque surdo.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Mais um, pois é.
Mesmo assim, não posso deixar que 2010 chegue sem registrar alguma coisa por aqui. Não porque faz três meses que não venho escrever nada, mas porque com o novo ano sempre vêm novos planos e ideias, novas tarefas e realidades. E 2010 vai ser assim mais que qualquer outro ano que já tenha passado. Pela primeira vez, não tenho a menor ideia do que vai acontecer comigo. Sabe, assim, nada.
Quer dizer... posso dizer que tenho mais planos e vontades que em todos os outros anos, mas também que a realização de tudo isso não depende de mim. Então, melhor não pensar nisso agora, né?
E eu queria não ser clichê e não ficar falando de todas as coisas mimi do mundo agora, mas... recebi há 5 minutos um e-mail tão lindo da Cláu que não vou conseguir deixar de agradecer às pessoas que fizeram parte do meu 2009. Das antigas, das contemporâneas, das conhecidas esse ano, mesmo. Meu ano não teria sido o mesmo sem vocês, podem ter certeza :)
Aprender exige força de vontade, crescer dói, emagrecer é impossível e acabar a faculdade sem sofrimento é além da imaginação. Apesar de todas as alegrias de não ter mais que assistir a certas calamidades, me aperta o coração não estar mais entre vocês, todos os dias. Todos nós sabemos que nenhuma despedida é pra sempre e que nada quer dizer que não nos veremos mais. Mas é inevitável sentir uma fagulhinha quando penso no mundo lá fora que nos espera. E que agora é de verdade.
E, de uma forma ou de outra, quero lembrar que esse ano, querendo ou não, vai ser diferente. Então, que seja! Feliz 2010 ;)
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Metáforas
No meu último aniversário (há cinco meses e onze dias, exatamente) ganhei da minha mãe entre trocentos livros um tal de “Tudo bem não alcançar a cama no primeiro salto (e outras lições de vida que aprendi com os cães)”, do John O’Hurley, que é ator mas eu não sabia até hoje de manhã. Não tem nada de literatura profunda, como dá pra perceber pelo nome, mas é bem engraçadinho e leve. Especialmente pra ler no ônibus no trânsito dessa cidade caos.
O livro é cheinho de metáforas. O autor compara as atitudes dos cachorros que ele teve com as de seres humanos, e vai contando episódios da vida e tipo, “o que aprendi com o cão tal no dia tal”. E isso me fez pensar em como a gente faz isso o tempo todo. Faz um certo tempo, li que se envolver com alguém era pular de um abismo e tentar voar. E, se a relação desse certo, o voo teria sido um sucesso. No livro dos cachorros, cada tentativa é um salto. Se a gente não consegue de primeira, tenta de novo, acha outro caminho, espera mais um pouco e para pra pensar.
Teve uma vez também que prometi aqui tentar entender mais as metáforas dos outros, ou usar mais metáforas, alguma coisa do tipo. É curioso, mas acho que , se você não entende, é porque não era feito pra você entender mesmo. Acabei me conformando em não entender certos usos e invencionices. Talvez nem me conformando, mas me acostumando. Vira e mexe alguém revira os olhos pra cima, olha pra mim e me diz que eu não entendo nada. Natural.
Há metáforas puras e impuras, li num site sobre a língua portuguesa. No colégio, ninguém nunca tinha me dito isso. Tudo se resumia a “Fulano é uma raposa”, que é metáfora, em oposição a “Fulano é esperto como uma raposa”, que é comparação. Tem Camões com "Amor é fogo que arde sem se ver" e Drummond com “O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”, também. De qualquer forma, deve ser melhor viver as metáforas do que tentar entendê-las. A vida é um ponto de interrogação, sabe?
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
E aí...?
E aí que eu adoro esses repentes.
Sabe, é difícil de explicar, mas algumas coisas simplesmente acontecem. Amizade simplesmente acontece; chuva de verão simplesmente acontece; abraço, muitas vezes, simplesmente acontece. Gargalhada simplesmente acontece. Amor simplesmente acontece.
Já perdi tanto tempo tentando entender como as coisas acontecem que acabei perdendo junto a vontade de saber. E acabei descobrindo que tudo parece mais positivo quando a gente não entende o tal do “como”, ou o “porquê”, só entende que é e pronto acabou.
Não sou do tipo passional; tenho medo de ironia, mas minha felicidade é me largar no sofá com música e palavras, sozinha, sozinha. Parece que eu não me empolgo com televisão, nem com histórias, nem com amores; mas é porque nada disso sai do escuro do meu quarto, do meu mundo, da minha razão. Não sou fina nem esnobe, nem fútil nem boba, talvez fria e racional, mas não insensível; só comedida.
E essa minha razão inveja o coração de quem é passional, intenso. Não sei ser passional, não sei ser intensa, só sei ser profunda com gestos e com olhares. Não tenho coragem de dizer pro mundo o que eu penso; tampouco tenho a cara de pau de fazer o que eu tenho vontade. Não tenho nada contra a paixão; já me apaixonei algumas vezes, não muitas, confesso que é emocionante. Mas não procuro respostas pra tudo porque cansei de me decepcionar com as tais respostas que não existem.
E aí me percebo lendo coisas e procurando pessoas que consolem a minha decepção com as decepções delas, e acabo caindo na mesma mesmice de achar que não é normal ser normal. Leio tudo quanto me faz pensar demais; mas sempre o que me faz gostar de viver. Só não gosto de ler tristezas alheias, por mais que desconhecidas; porque elas me fazem ter compaixão e vontade de abraçar as pessoas sempre e dizer que tudo vai ficar bem, por mais que eu não possa. Pela minha falta de intensidade, procuro a intensidade nos outros.
Não é tão absurdo; a vida não é tão absurda, embora pareça muito e muitas vezes. Confesso que desacredito da vida quando ela se torna mais palpável e mais evidente. E sabe? Não sei nada da vida, muito pouco de amor e de gente. Mas as coisas que simplesmente acontecem são, de fato, coisas simples. Chuva de verão é simples, não é? Gargalhada não é simples? A vida é simples; e digo isso sem correr o risco de me arrepender depois.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Filosofia barata - e molhada.
Sábado passado eu fui pra Águas de Lindóia com os meus pais. Só pra passar de sábado pra domingo mesmo, aproveitar um pouco do sol antes da longa semana de trabalho. Meu pai não é das pessoas mais tranquilas no trânsito; digamos que ele é que me inspira a fazer 120km/h na 23 de Maio e coisas do tipo. Logo, ele devia estar a mais ou menos essa velocidade na estrada. Estava sol, mas juntaram-se algumas nuvens e o carro recebeu algumas gotas de chuva.
Na minha janela, no lado de fora, sobraram alguns pinguinhos quando o sol voltou. E, àquela velocidade, os pingos, obviamente, corriam para a parte de trás do carro. Não digo que eles corressem, com perninhas e tudo, mas eles simplesmente se encaminhavam pra lá. Como se fosse esse o caminho que eles deviam fazer, de qualquer jeito.
Fiquei parada uns bons minutos concentrando minha atenção nas gotinhas. Algumas mais grossas, outras quase que imperceptíveis; algumas eram mais rápidas, outras tentavam alcançá-las, como numa corrida. E as que se unem para aumentar a velocidade e alcançar o outro lado? E as que cortam caminhos, então?
Fascinante a trajetória das gotículas de um extremo a outro do vidro da janela. Lembrei-me de quando eu era menorzinha, e, com preguiça de tomar banho, parava debaixo do chuveiro olhando as gotinhas escorrendo. Do mesmo jeito, de cima a baixo do vidro, algumas menores e outras mais grossas, que rasgavam o caminho engolindo as adversárias. Eu era capaz de ficar muitos minutos ali parada, pensando na vida; ou pelo menos até minha mãe bater na porta do banheiro e perguntar se estava tudo bem, me mandando desligar o chuveiro.
Adoro observar coisas pequenas; e a sua participação no todo. As gotinhas caminham do teto ao chão do banheiro porque é seu caminho natural. Assim como os pingos de chuva atravessam o vidro na horizontal porque assim lhes convém; porque a velocidade do carro indica o caminho que eles devem seguir; e mesmo contra a vontade, é para lá que eles vão.
Não era assim que eu tinha pensado em terminar esse texto, mas... acabo de parar para pensar: somos todos gotinhas, indo aonde o vento nos levar. Prontofalei.