Está frio. Talvez não esteja tão frio quanto o frio que eu estou sentindo, mas está frio. Aqui é gelado. Tem um lençol e três cobertores sobre meu corpo, mas tudo que eu posso sentir é o vento gelado que passa na direção da minha orelha direita. Sempre durmo com esse ventinho irritante. Meu ouvido vai ficar inflamado. Sempre fica.
Tudo é sempre meio igual por aqui. As conversas se repetem, os sons se repetem, os cheiros se repetem. As cores, as coisas, a comida, os livros, as ideias. Tudo é sempre rígida, severamente igual. O mesmo marasmo da vida de todo dia.
Estranho pensar que tudo isso sempre pareceu certo, natural, e que de repente não faça mais o menor sentido. É quase como se alguém batesse na porta, pegasse o roteiro antigo e entregasse outro. “Toma, essa é você agora”. “Peraí, mas... a minha personagem! A personagem que eu representei durante todos esses anos, você não pode simplesmente...”. E a porta se fechasse com um baque surdo.
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terça-feira, 20 de abril de 2010
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Mais um, pois é.
Já passei do tempo de gostar de retrospectivas. Na verdade, passei do tempo de gostar de escrever sobre elas. Quem me conhece um pouquinho que seja deve saber o quanto eu sou nostálgica e o quanto gosto de reviver histórias, ficar lembrando de datas, momentos e situações.
Mesmo assim, não posso deixar que 2010 chegue sem registrar alguma coisa por aqui. Não porque faz três meses que não venho escrever nada, mas porque com o novo ano sempre vêm novos planos e ideias, novas tarefas e realidades. E 2010 vai ser assim mais que qualquer outro ano que já tenha passado. Pela primeira vez, não tenho a menor ideia do que vai acontecer comigo. Sabe, assim, nada.
Quer dizer... posso dizer que tenho mais planos e vontades que em todos os outros anos, mas também que a realização de tudo isso não depende de mim. Então, melhor não pensar nisso agora, né?
E eu queria não ser clichê e não ficar falando de todas as coisas mimi do mundo agora, mas... recebi há 5 minutos um e-mail tão lindo da Cláu que não vou conseguir deixar de agradecer às pessoas que fizeram parte do meu 2009. Das antigas, das contemporâneas, das conhecidas esse ano, mesmo. Meu ano não teria sido o mesmo sem vocês, podem ter certeza :)
Aprender exige força de vontade, crescer dói, emagrecer é impossível e acabar a faculdade sem sofrimento é além da imaginação. Apesar de todas as alegrias de não ter mais que assistir a certas calamidades, me aperta o coração não estar mais entre vocês, todos os dias. Todos nós sabemos que nenhuma despedida é pra sempre e que nada quer dizer que não nos veremos mais. Mas é inevitável sentir uma fagulhinha quando penso no mundo lá fora que nos espera. E que agora é de verdade.
E, de uma forma ou de outra, quero lembrar que esse ano, querendo ou não, vai ser diferente. Então, que seja! Feliz 2010 ;)
Mesmo assim, não posso deixar que 2010 chegue sem registrar alguma coisa por aqui. Não porque faz três meses que não venho escrever nada, mas porque com o novo ano sempre vêm novos planos e ideias, novas tarefas e realidades. E 2010 vai ser assim mais que qualquer outro ano que já tenha passado. Pela primeira vez, não tenho a menor ideia do que vai acontecer comigo. Sabe, assim, nada.
Quer dizer... posso dizer que tenho mais planos e vontades que em todos os outros anos, mas também que a realização de tudo isso não depende de mim. Então, melhor não pensar nisso agora, né?
E eu queria não ser clichê e não ficar falando de todas as coisas mimi do mundo agora, mas... recebi há 5 minutos um e-mail tão lindo da Cláu que não vou conseguir deixar de agradecer às pessoas que fizeram parte do meu 2009. Das antigas, das contemporâneas, das conhecidas esse ano, mesmo. Meu ano não teria sido o mesmo sem vocês, podem ter certeza :)
Aprender exige força de vontade, crescer dói, emagrecer é impossível e acabar a faculdade sem sofrimento é além da imaginação. Apesar de todas as alegrias de não ter mais que assistir a certas calamidades, me aperta o coração não estar mais entre vocês, todos os dias. Todos nós sabemos que nenhuma despedida é pra sempre e que nada quer dizer que não nos veremos mais. Mas é inevitável sentir uma fagulhinha quando penso no mundo lá fora que nos espera. E que agora é de verdade.
E, de uma forma ou de outra, quero lembrar que esse ano, querendo ou não, vai ser diferente. Então, que seja! Feliz 2010 ;)
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sexta-feira, 28 de agosto de 2009
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Metáforas
É engraçado como a gente usa metáforas pra se expressar, o tempo todo.
No meu último aniversário (há cinco meses e onze dias, exatamente) ganhei da minha mãe entre trocentos livros um tal de “Tudo bem não alcançar a cama no primeiro salto (e outras lições de vida que aprendi com os cães)”, do John O’Hurley, que é ator mas eu não sabia até hoje de manhã. Não tem nada de literatura profunda, como dá pra perceber pelo nome, mas é bem engraçadinho e leve. Especialmente pra ler no ônibus no trânsito dessa cidade caos.
O livro é cheinho de metáforas. O autor compara as atitudes dos cachorros que ele teve com as de seres humanos, e vai contando episódios da vida e tipo, “o que aprendi com o cão tal no dia tal”. E isso me fez pensar em como a gente faz isso o tempo todo. Faz um certo tempo, li que se envolver com alguém era pular de um abismo e tentar voar. E, se a relação desse certo, o voo teria sido um sucesso. No livro dos cachorros, cada tentativa é um salto. Se a gente não consegue de primeira, tenta de novo, acha outro caminho, espera mais um pouco e para pra pensar.
Teve uma vez também que prometi aqui tentar entender mais as metáforas dos outros, ou usar mais metáforas, alguma coisa do tipo. É curioso, mas acho que , se você não entende, é porque não era feito pra você entender mesmo. Acabei me conformando em não entender certos usos e invencionices. Talvez nem me conformando, mas me acostumando. Vira e mexe alguém revira os olhos pra cima, olha pra mim e me diz que eu não entendo nada. Natural.
Há metáforas puras e impuras, li num site sobre a língua portuguesa. No colégio, ninguém nunca tinha me dito isso. Tudo se resumia a “Fulano é uma raposa”, que é metáfora, em oposição a “Fulano é esperto como uma raposa”, que é comparação. Tem Camões com "Amor é fogo que arde sem se ver" e Drummond com “O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”, também. De qualquer forma, deve ser melhor viver as metáforas do que tentar entendê-las. A vida é um ponto de interrogação, sabe?
No meu último aniversário (há cinco meses e onze dias, exatamente) ganhei da minha mãe entre trocentos livros um tal de “Tudo bem não alcançar a cama no primeiro salto (e outras lições de vida que aprendi com os cães)”, do John O’Hurley, que é ator mas eu não sabia até hoje de manhã. Não tem nada de literatura profunda, como dá pra perceber pelo nome, mas é bem engraçadinho e leve. Especialmente pra ler no ônibus no trânsito dessa cidade caos.
O livro é cheinho de metáforas. O autor compara as atitudes dos cachorros que ele teve com as de seres humanos, e vai contando episódios da vida e tipo, “o que aprendi com o cão tal no dia tal”. E isso me fez pensar em como a gente faz isso o tempo todo. Faz um certo tempo, li que se envolver com alguém era pular de um abismo e tentar voar. E, se a relação desse certo, o voo teria sido um sucesso. No livro dos cachorros, cada tentativa é um salto. Se a gente não consegue de primeira, tenta de novo, acha outro caminho, espera mais um pouco e para pra pensar.
Teve uma vez também que prometi aqui tentar entender mais as metáforas dos outros, ou usar mais metáforas, alguma coisa do tipo. É curioso, mas acho que , se você não entende, é porque não era feito pra você entender mesmo. Acabei me conformando em não entender certos usos e invencionices. Talvez nem me conformando, mas me acostumando. Vira e mexe alguém revira os olhos pra cima, olha pra mim e me diz que eu não entendo nada. Natural.
Há metáforas puras e impuras, li num site sobre a língua portuguesa. No colégio, ninguém nunca tinha me dito isso. Tudo se resumia a “Fulano é uma raposa”, que é metáfora, em oposição a “Fulano é esperto como uma raposa”, que é comparação. Tem Camões com "Amor é fogo que arde sem se ver" e Drummond com “O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”, também. De qualquer forma, deve ser melhor viver as metáforas do que tentar entendê-las. A vida é um ponto de interrogação, sabe?
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