quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A gente não quer só comida.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Muito tempo atrás...
Tudo é sempre meio igual por aqui. As conversas se repetem, os sons se repetem, os cheiros se repetem. As cores, as coisas, a comida, os livros, as ideias. Tudo é sempre rígida, severamente igual. O mesmo marasmo da vida de todo dia.
Estranho pensar que tudo isso sempre pareceu certo, natural, e que de repente não faça mais o menor sentido. É quase como se alguém batesse na porta, pegasse o roteiro antigo e entregasse outro. “Toma, essa é você agora”. “Peraí, mas... a minha personagem! A personagem que eu representei durante todos esses anos, você não pode simplesmente...”. E a porta se fechasse com um baque surdo.
sábado, 16 de maio de 2009
Tinha um vampiro no ônibus.
É, um vampiro. Ele tinha cara de vampiro, jeito de vampiro, roupas de vampiro. Usava um daqueles sobretudos compridos, pretos. Calça social preta, pernas cruzadinhas e sapato preto.
O cabelo era meio ondulado, penteado para trás com esforço, alguns fios meio rebeldes. O olhar era taciturno mas os olhos eram meio esbugalhados, como aqueles vampiros de filme. Só não eram vermelhos. Deviam ser lentes de contato.
Ele parecia meio assustado e a certa altura resolveu colocar os óculos, de lentes grossas e coisa e tal. Se ele usava lentes de contato, podia ter comprado lentes com grau, de uma vez.
Mas o tal vampiro era um cara meio irônico. Ele mantinha as mãos unidas sobre o colo, como quem faz uma prece. E também, percebi quando estava passando, uma tatuagem que devia ir do cotovelo até o pulso, um tribal meio maluco, mas que terminava numa cruz.
Eu realmente vou postar isso?
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Insanidade
Voltei? Por quê? Eu tinha ido viajar?
Você sumiu...
A gente nunca some, tá sempre aí.
Mas você não parou de escrever?
Claro que não, na minha memória tá tudo escrito e descrito.
E quando vai me deixar saber, então?
Em breve, em breve. Relaxa que tá tudo sob controle.
E a faculdade?
Bom... a melhor coisa dela é quando eu descubro que não preciso ir, mas tá legal, tá legal.
E o TCC?
O T-o-quê?
Ah... você não quer falar disso?
Falo, falo de qualquer coisa. O que você quer saber?
Ah, sei lá, conta aí o que quiser.
Então tá bom, eu te deixo saber umas coisinhas, aos poucos, nas próximas semanas.
Você é maluca.
Ah, jura? Conta uma novidade, então, bem.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Filosofia barata - e molhada.
Sábado passado eu fui pra Águas de Lindóia com os meus pais. Só pra passar de sábado pra domingo mesmo, aproveitar um pouco do sol antes da longa semana de trabalho. Meu pai não é das pessoas mais tranquilas no trânsito; digamos que ele é que me inspira a fazer 120km/h na 23 de Maio e coisas do tipo. Logo, ele devia estar a mais ou menos essa velocidade na estrada. Estava sol, mas juntaram-se algumas nuvens e o carro recebeu algumas gotas de chuva.
Na minha janela, no lado de fora, sobraram alguns pinguinhos quando o sol voltou. E, àquela velocidade, os pingos, obviamente, corriam para a parte de trás do carro. Não digo que eles corressem, com perninhas e tudo, mas eles simplesmente se encaminhavam pra lá. Como se fosse esse o caminho que eles deviam fazer, de qualquer jeito.
Fiquei parada uns bons minutos concentrando minha atenção nas gotinhas. Algumas mais grossas, outras quase que imperceptíveis; algumas eram mais rápidas, outras tentavam alcançá-las, como numa corrida. E as que se unem para aumentar a velocidade e alcançar o outro lado? E as que cortam caminhos, então?
Fascinante a trajetória das gotículas de um extremo a outro do vidro da janela. Lembrei-me de quando eu era menorzinha, e, com preguiça de tomar banho, parava debaixo do chuveiro olhando as gotinhas escorrendo. Do mesmo jeito, de cima a baixo do vidro, algumas menores e outras mais grossas, que rasgavam o caminho engolindo as adversárias. Eu era capaz de ficar muitos minutos ali parada, pensando na vida; ou pelo menos até minha mãe bater na porta do banheiro e perguntar se estava tudo bem, me mandando desligar o chuveiro.
Adoro observar coisas pequenas; e a sua participação no todo. As gotinhas caminham do teto ao chão do banheiro porque é seu caminho natural. Assim como os pingos de chuva atravessam o vidro na horizontal porque assim lhes convém; porque a velocidade do carro indica o caminho que eles devem seguir; e mesmo contra a vontade, é para lá que eles vão.
Não era assim que eu tinha pensado em terminar esse texto, mas... acabo de parar para pensar: somos todos gotinhas, indo aonde o vento nos levar. Prontofalei.