domingo, 28 de outubro de 2007

Título???

É, já começa bem. Por que raios todo texto tem que ter título? Quem foi que inventou os títulos? Pensar no título consome mais tempo do que pensar e redigir o texto inteiro.

Aliás, há toda uma mistificação em volta dos títulos. Título tem que ser breve, tem que chamar a atenção, tem que ser criativo mas não pode ser clichê. Se eu escrevo um texto sobre a importância dos meios de comunicação nos dias de hoje, por que eu não posso simplesmente intitulá-lo “A importância dos meios de comunicação nos dias de hoje”?

Título de mestre, de doutor, de assessor particular do político famoso. Título de “baixinha”, “gorducha”, “dentuça”... Tem título pra tudo na vida e todo mundo tem um, não tem jeito. E quando é pra intitular o amiguinho com um apelido bem bobo, na primeira série, parece tudo muito fácil. Pena que não é assim pra sempre.

Depois chega o Ensino Médio e as dissertações de vestibular e os títulos que têm que chamar a atenção sendo breves e criativos e sem clichê e tudo aquilo. E aí a gente pega trauma da coisa de um jeito que não tem mais cura. E aí vem a faculdade, e os chapéus, manchetes, aberturas e tudo aquilo que tem que vir antes do texto. E a coisa só tende a se agravar.

Alguém me explica por que título não pode dizer exatamente o que a gente quer dizer?

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Não leia!

Cada vez que eu descubro que alguém mais lê isso aqui, tenho menos ânimo pra postar.
Porque tudo bem que blog é feito pra ser lido, e essas coisas, e se eu não quisesse ser lida eu não estudaria jornalismo, nem teria blog, nem escreveria nele, nem ficaria chateada porque nunca tem nenhum comentário em post nenhum. Mas mesmo assim, quando alguém me diz que leu o post tal, eu fico meio... nem sei dizer. Insegura, preocupada, sei lá. Porque no fundo, eu queria escrever só pra mim.
Meio egoísta, talvez. Mas talvez fosse pra prevenir os outros de lerem minhas bobagens, meus pensamentos bestas. Ou não, já que quando a gente escreve em um lugar público, por mais que ache que ninguém vai ler, não se expõe como se exporia se escrevesse pra si próprio. É pra isso que existem os diários. E antes que alguém pergunte, sim, eu tenho um. E acho até que já escrevi isso por aqui.
Enfim, entro em crise e fico achando que meus posts são sem propósito, sem graça, sem assunto. Que eu não escrevo tão bem assim, afinal, que eu to no lugar errado porque eu gosto de exatas e não devia estar fazendo faculdade de jornalismo. E tudo isso só por causa de um post de blog.
Deixa eu ir dormir, mais um post inútil chega ao fim. Cruzes, que post mais desabafo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Importante, né?

Acho que a gente dá valor demais a certas coisas na vida.
E de menos às que realmente importam.

Tipo passar uma tarde fazendo nada de perna pro ar, se lambuzar inteiro comendo algodão-doce, fazer penteados esquisitos, correr descalço na areia, comentar a roupa bizarra da menina do outro lado da rua, jogar Guitar Hero no pc o dia todo e não se arrepender. Matar aula pra bater papo no corredor, reunir os amigos pra comer esfiha na sexta-feira, comer doce sem ficar com peso na consciência depois, pular na piscina de roupa e tudo.
Fofocar, ouvir, acreditar. Rir de tudo, de todos e de si mesmo, se divertir com trava-línguas. Brincar de pular elástico, pular corda, bambolê e cama de gato. É, brincadeira de criança mesmo. Jogar queimada. Ouvir música sertaneja no último volume pra zoar com os cantores. O mesmo vale pra Britney Spears. Reviver o passado em fotos, cartas e conversas com as amigas.
Correr no parque, tomar chuva, andar de bicicleta. Brincar no balanço, fazer piquenique, ler história em quadrinhos, ver filme comendo pipoca com manteiga. Sentir cheiro de chocolate derretido e se derreter também. Colecionar figurinha, tirar fotos com poses esquisitas, fazer bolo e destruir a cozinha.
Ser feliz, sacomé?

A gente realmente dá valor demais a cada coisa inútil...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A la LM.

Preso no porão até os dezesseis anos de idade. Sem contato com nada nem com ninguém. Até encontrar, junto com a liberdade, a necessidade de aprender tudo sobre o mundo lá fora, as coisas, as pessoas, as palavras e seus significados. Mal sabia ele que tinha tanto para ensinar quanto ninguém jamais pensou em aprender.
Não se sabe se a história é verídica, nem se ele ao menos chegou a existir. Mas, naquela noite de domingo (sim, domingo! E um dos mais atribulados), detalhes como esses não tinham a menor importância para aqueles jovens que se encantavam com a Memória, reclamavam a Justiça e temiam a Morte.
Quando homem e animal são entendidos como o mesmo; quando uma outra língua representa um código inteiramente novo a ser decifrado – mesmo que utilize os mesmos símbolos –; quando a imagem de si mesmo no espelho é vista como a imagem de outro, não havemos que nos ater em detalhes que não permitam a compreensão do todo.
E em meio a um mar de conceitos que confundem o raciocínio, sobressai a sensibilidade, a pureza dos sentidos que ainda permite perceber a sutileza de gestos, enxergar os matizes no escuro e sonhar sonhos cujo significado vai além do imediato. E é aí que ator, personagem e espectador tornam-se um só. E de repente, fica fácil absorver o conhecimento, entender o aprendizado e a forma como acontece a apreensão de conteúdos até então totalmente incógnitos.

É, Kaspar. Quem dera que todo mundo construísse a realidade feito você.

[E acho que eu nunca escrevi nada tão nerd na minha vida. E é quase com dedicatória.]