domingo, 16 de novembro de 2008

Divagação de sábado à tarde

Eu tenho essa mania de andar observando meus próprios pés.

Todo mundo diz que isso quer dizer que a gente se menospreza, se inferioriza e coisas afins. Não duvido. Deve ser um pouco de timidez também, ou de vergonha de encarar a vida, sei lá.

Hoje, fui sozinha andar de bicicleta no Parque do Ibirapuera. Fazia muito tempo que eu não ia lá, e sozinha então... Depois de dar umas voltas desastrosas e cansativas, devolvi a bicicleta e fui andar. É, sozinha, sim. Se você é um leitor um pouco fiel dessa joça, já sabe que eu sou estranha a ponto de adorar passar o tempo sozinha.

Aí fui caminhar devagarinho, com Keane tocando no iPod... parei na beira da lagoa e fiquei olhando pra ela pensando na vida, pra variar. “I felt the earth beneath my feet, sat by the river and that made me complete”, foi o que tocou na hora. Sei lá, foi tão gostoso ficar lá vendo a lagoa e as pessoas ao meu redor. As crianças correndo, andando de bicicleta, o grupo de amigos fazendo piquenique, o casal deitado na grama rindo de nada.

Levantei e continuei andando pelo parque; ainda tinha quase uma hora pra ficar lá ouvindo Keane e não ia ficar só parada na frente da tal da lagoa. Só que aí eu resolvi andar diferente: olhando pra cima. Tinha tanto pra ver e admirar ali que eu não ia ficar olhando só pros meus próprios pés. E putz, tinha mesmo tanto pra ser visto...

Às vezes eu acho que eu sou meio deslumbrada com as coisas. Porque tudo, tudo que eu via no parque eu achava maravilhoso ou fascinante de alguma forma. É curioso como eu me fascino, mesmo, com coisas que todo mundo acha banais. Tipo amigos jogando frisbe ou uma mãe deitada com o bebê na grama. Ou crianças brincando de ficar de cabeça pra baixo no trepa-trepa. Ou o ipê roxo na beira do lago, visto de cima da ponte com pintura descascada. Sei lá, só que não dava mais vontade de olhar pra baixo.

Saí de lá com duas idéias na cabeça: uma bem triste, até, e a outra, essa aqui, de olhar pra cima, pra frente, sabe Deus pra onde que não seja pra baixo nem pra mim mesma. Espero que dê pra tirar alguma lição disso, e tipo levar como ensinamento pra vida. Essa coisa de andar observando meus próprios pés me faz perder tanta coisa legal que tem pra ser vista...

9 comentários:

Dayane Abreu disse...

own, que lindo. queria um parque assim por aqui. geralmente eu faço dessas coisas na praia, ou na praça. não vou falar nenhuma frase otimista clichê. só tô com saudades de andar de bicicleta...

Diego Paes disse...

essa parada de ficar sozinho no parque é mtooo legal! tipo, ficar olhando pro nada (nunca pros pés) e pensar em mil coisas...

fiz a mesma coisa no villa lobos!

e no ibira vamos só andar de bike, pq eu falo mto ai não dá tempo de pensar hahaha!

beeeijo

Camilla disse...

Por isso que eu só ando olhando pro lado...
E caindo no meio da rua haha

Rodrigo disse...

humm... ainda assim, queria que vc tivesse me convidado para ir! heauhae

mas é bom ficar sozinho de vez em qdo... principalmente qdo se tem algo p/ olhar que nao seja seus próprios pés!

^^

bjaoo!

Renatinha disse...

E se a gente andar olhando pros pés e esbarrar em alguém bem legal e ficar amigo dele pra sempre?

Brancatelli disse...

Meu amigo foi atravessar a rua olhando pra cima e se deu mal...
Pelo menos olhar para os pés é mais seguro, caso seus cadarços estejam desamarrados!

PS: caminhar sozinho é bem divertido... lembro quando eu voltava a pé da Cásper até minha casa, andando por 3 horas e meia.
Mas prefiro o segundo album do Keane, isso não tenho dúvidas!!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Brenda! x) disse...

É muito bom ficar sozinha e pensar na vida :D ainda mais quando é em um lugar lindo desses.

Pontos disse...

Me alegro em encontrar pessoas com a sensibilidade de ver o belo em coisas pequenas e simples... Muito bom!